A formação continuada de Língua Portuguesa da Secretaria Municipal de Educação realizou durante toda esta terça-feira (02), com participação de 32 professores, o tema "Neurociências e Aprendizagem, falando sobre a Educação 5.0 e as novas abordagens para o ensino de aprendizagem de Língua Portuguesa".  O encontro online foi com a professora convidada Janaína Weissheimer, do Departamento de Línguas Estrangeiras da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), com pesquisa realizada no Instituto do Cérebro, onde coordena o Laboratório de Aprendizagem e Leitura.


O assessor pedagógico da SME-Natal, Rudson Gomes destacou que as redes de ensino do mundo estão trabalhando muito com a Educação 4.0 na questão do trabalho com metodologias ativas e o ensino por meio das pesquisas. Outros registros mostram que no Japão, Singapura e outros países asiáticos, já estão desenvolvendo mecanismos que passaram a chamar de Educação 5.0, denominado também de 5ª geração da Revolução Industrial.

 
“Desde que as tecnologias foram inseridas, nós temos muitos artefatos, softwares e similares que foram inseridos na educação. Para o professor aplicar, depende de pesquisas para ver como aquele artefato, por exemplo, o celular, pode ser usado na sala de aula. Essa nova geração que está surgindo justamente com esse olhar para o ser humano, são as pessoas que estão envolvidas como os alunos e os professores,” explicou Gomes. 

 
A professora doutora Janaína Weissheimer deu ênfase ao bilinguismo e às situações de aprendizagem. Explicou que existem 330 línguas coexistindo no Brasil, sendo que das quais 274 são línguas indígenas, 56 são de imigração e ainda libras. “Essa associação, compartilhamento, navegar e viver entre línguas, é um produto que o ser humano teve que começar a integrar bem pouco tempo ao seu arcabouço neurobiológico. O bilinguismo afeta os nossos sistemas cognitivo, emocional e psicológico como um todo, trazendo benefícios no âmbito linguístico,” ressaltou.

 
A palestrante lembrou que evidências científicas mostram que o cérebro do bilíngue tem um sistema de memória compartilhado. “As várias línguas que uma pessoa fala, estão distribuídas no córtex e na memória de longo prazo. Eu vou ativando essas línguas ao modo que vou utilizando, e existe sempre inevitavelmente uma competição por ativação,” disse. 

 
Entre os assuntos discutidos se destacou ainda as funções executivas na aprendizagem da linguagem como o controle inibitório e atenção seletiva, flexibilidade cognitiva e memória de trabalho. “Quando uma pessoa vai fazer operações matemáticas todo esse processamento mental exige bastante a capacidade de memória de trabalho.

 
De acordo com a professora da UFRN, na leitura se usa muito a capacidade de memória de trabalho e quando se está lendo é preciso guardar informações importantes. “Se me deparo com uma sentença ambígua na leitura e aí tenho que parar tudo e pensar, tento desenvolver esse problema linguístico usando a minha memória de trabalho. Ao mesmo tempo em que eu estou resolvendo o problema, também estou guardando informações na memória”, finalizou Weissheimer.