A secretária municipal de Saúde, Ana Tania Lopes Sampaio, reuniu a imprensa, no final da manhã de hoje, para uma entrevista coletiva sobre o caso dos medicamentos e material de limpeza encontrados vencidos da gestão passada.
A secretária mostrou o relatório feito já este ano comprovando que toneladas de medicamentos e material de limpeza e insumos foram comprados em 2008 em excesso e com prazo de validade prestes a vencer. O escândalo dos medicamentos está sendo, inclusive, investigado pela Câmara dos Vereadores.
O que motivou a secretária a convocar a coletiva foi a notícia veiculada por alguns órgãos da imprensa de que a atual gestão teria distribuído água sanitária vencida para as unidades. A secretária desmentiu a notícia e provou com documentos que nenhuma água sanitária foi enviada para as unidades deste ano. “Isso não é verdade porque este ano ainda não recebemos nenhuma água sanitária, já solicitamos ao setor de compras mais ainda não chegou. O que aconteceu nesse caso foi que, no ano passado, foram compradas milhares de caixas de água sanitária, uma quantidade bem superior ao necessário, já no final do ano e com prazo de validade para vencer em 6 meses. Esse material em excesso foi encaminhado ainda na gestão anterior para as unidades. Não gosto de ficar falando do passado, mas a verdade tem que ser dita e reposta para que a opinião pública conheça os fatos reais”, destacou.
A secretária também disse aos jornalistas que ao assumir a pasta reuniu todos os diretores de unidades e orientou que tivessem cuidado com esse material entregue em excesso em 2008, vencido ou prestes a vencer. “Fizemos isso porque temos responsabilidade e compromisso com a saúde e sabíamos que esse material em excesso existia nas unidades pois foi assim que encontramos a secretaria, com descaso de medicamentos e material não só no Departamento de Material de Patrimônio, mas também nos postos. Agora, se algum funcionário, mesmo sabendo que tinha no seu almoxarifado local água sanitária vencida e utilizou para depois fazer denúncia ao sindicato ou à imprensa para atribuir culpa à nossa gestão, vamos apurar. Porque o dever do servidor é ficar atento a esses prazos e informar à diretora, à gerente do Distrito ou mesmo ao nível central do problema para que possamos resolver”, disse Ana Tania.
Por recomendação da CEI, da Vigilância Sanitária e do Ministério Público, a Secretaria não executou o descarte das toneladas de medicamentos e material de insumos deixados pela gestão passada. Todo material continua guardado no DMP e também nos almoxarifados das próprias unidades como prova, pois ele vai ser analisado durante a investigação que apura responsabilidades.
Enquanto isso, a SMS está há cinco meses acelerando processos de compra para adquirir novos medicamentos e material para reabastecer as unidades que sofrem com o atraso na entrega devido a essa interrupção pelas irregularidades encontradas.
A preocupação da Secretaria é que não se repitam casos relatados durante depoimentos da CEI em que usuários da rede básica e unidades de saúde recebam medicamentos estragados, como ocorreu na gestão anterior, que podem acarretar danos maiores.
No Galpão onde foi instalado o Departamento de Material e Patrimônio desde 2007, as toneladas de remédios e material estão interditadas e guardadas. As unidades de saúde que receberam os mesmos materiais também continuam guardando o material nos almoxarifados e todos os diretores foram orientados pela atual gestão a não utilizarem o material vencido. “Só pra se ter uma idéia, encontramos remédios vencidos de 2006. Mas ainda estamos trabalhando no levantamento do estoque, que por incrível que pareça, em pleno século 21, encontramos a rede de saúde sem nenhum controle de estoque, distribuição ou prazos. Tudo sempre foi feito manualmente, com papel, e por isso a nossa dificuldade. Mas vamos trabalhar para resolver isso definitivamente, inclusive informatizando toda a rede de saúde”, completou.