Segundo dados da Companhia de Serviços Urbanos de Natal (Urbana), o mais recente plano de coleta domiciliar concebido para a capital potiguar data do ano de 1991. Aumento da população, crescimento da renda e, consequentemente, do poder aquisitivo são fatores que influenciam também no incremento na produção diária de lixo. Para discutir um novo modelo para Natal, a Prefeitura, por meio da Urbana, realizou na manhã desta segunda-feira (12) uma audiência pública no auditório da Procuradoria Geral de Justiça, em Candelária. Durante o evento, foi apresentado o modelo do sistema de limpeza pública a ser adotado, visando a atender as necessidades da população natalense.

Segundo o gestor ambiental Glauber Nóbrega da Silva, quanto mais a população investe para ter qualidade de vida, mais resíduos são produzidos, e mais o meio ambiente é agredido. “Isso ocorre porque em busca por qualidade de vida, todos consumimos mais produtos descartáveis, desperdiçamos energia e matérias-primas. Se a coleta de lixo atrasa, colocamos ou mandamos colocar nossos resíduos no primeiro canteiro que encontramos”, lamentou.

Natal possui cerca de 850 mil habitantes. Fora esses, existem outros que vêm de outras cidades como Parnamirim, Macaíba, Ceará-Mirim e que trabalham na capital ou simplesmente chegam para realizar operações diversas – com a atividade turística – e aqui deixam seus resíduos.

Para se ter uma ideia do desenvolvimento atual do município, basta dizer que em 2005, há cerca de seis anos, eram geradas cerca de 13,5 mil toneladas mensais de resíduos domiciliares, ou seja, cerca de 1/3 do total de resíduos produzido em Natal. Hoje, já possuímos cerca de 17,5 mil toneladas mensais de resíduos domiciliares. O resultado é que houve um aumento de cerca de 30% da produção de resíduos, enquanto que a população municipal só aumentou cerca de 10% no mesmo período.

Uma das mudanças que o novo plano trará é o acesso da população à programação da coleta de forma online. Por meio do site da Urbana (www.natal.rn.gov.br/urbana), o cidadão vai poder acompanhar quando o caminhão passará na sua rua, ou mesmo se já passou. “Desde o início de novembro estamos construindo o Plano Municipal de Resíduos Sólidos. Dentro da setorização que está sendo proposta, o cidadão vai poder se programar de acordo com a logística de coleta, que ficará disponível a todos. A nova licitação prevê isso e a informação será atualizada em tempo real”, explicou o presidente da Urbana, João Bastos.

“Estamos desenvolvendo estratégias para ampliar a coleta seletiva. Um dos parceiros na elaboração desse plano de coleta domiciliar é o Ministério Público Estadual, que já atua na regulamentação de iniciativas no âmbito do saneamento básico. Gestão de resíduos sólidos também é uma questão de saúde e estamos tendo aqui a oportunidade de discuti-la mais a fundo”, complementou João Bastos.

Ainda segundo o consultor Glauber Nóbrega da Silva, é preciso primeiro considerar o perfil de geração de resíduos de cada bairro na hora de desenvolver o plano. “A Urbana tem sido enfática em buscar informações exatas para a tomada de decisões. Como exemplo, mostramos que um estudo feito em Maceió/AL mostrou que, em épocas de férias, a cidade – que tem o perfil turístico – produz mais lixo. Em estados onde há produção industrial mais intensa, a geração de lixo também é maior”, atestou.

O novo plano de Coleta Domiciliar utilizará imagens de satélite da cidade para basear os mapas que auxiliarão na logística. Unindo essas informações ao banco de dados da Urbana, a ideia é que as equipes de coleta possam atuar de acordo com o perfil de cada área.

O modelo estará disponível no site da Prefeitura (www.natal.rn.gov.br) e a população poderá opinar. Para mandar sugestões ou críticas, basta remeter um e-mail à Urbana no endereço: urbana@natal.rn.gov.br.

Para a prefeita Micarla de Sousa, a concretização do Plano segue o planejamento estratégico da Urbana, consolidando uma das prioridades da gestão municipal: o destino adequado do lixo. "Estamos empenhados em consolidar as propostas desenvolvidas pela Prefeitura, como o Plano de Coleta Domiciliar de Natal que foi apresentado na audiência pública, com o objetivo de garantir a cobertura do serviço de coleta domiciliar em toda a capital", finalizou.

A audiência pública contou ainda com presença de representantes do do Ministério Público, das associações e cooperativas de catadores, da administração municipal e do vereador Fernando Lucena, também presidente do Sindlimp.