No ano em que completa um século de existência, o bairro do Alecrim receberá, entre outras obras, a reforma e revitalização do cemitério público da comunidade, localizado na rua Fonseca e Silva, na zona Leste. Os serviços foram executados sob a responsabilidade da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (Semsur). É importante frisar que o cemitério atende vários outros bairros da zona Leste. Nesta terça-feira (01/11), às 16h00, ocorrerá a entrega do cemitério à comunidade e o seu tombamento. “Estamos investindo nesta obra cerca de R$ 131 mil, num dos principais monumentos do bairro”, disse o titular da Semsur, Cláudio Porpino.

A Semsur está recuperou o piso de todas as ruas do cemitério com pavimentação de concreto, pintura geral, reforma do setor de administração e do banheiro destinado às equipes de coveiros, além da troca de 86 luminárias e da fiação elétrica. Outros dois banheiros para os visitantes estão sendo construídos e adaptados com acessibilidade para pessoas portadoras de necessidades especiais.

De acordo com o chefe do setor de Manutenção e Equipamentos Públicos da Semsur, Kerginaldo Alves, a reforma do cemitério também servirá para atender em boas condições de infraestrutura as pessoas que irão visitar seus entes queridos falecidos, no próximo 2 de novembro, Dia de Finados. Ele disse ainda que nesta quinta-feira, Dia de Finados o cemitério ficará aberto de 7h00 às 20h00. Em dias normais, os oito cemitérios da cidade administrados pela Prefeitura funcionam de 7h00 às 13h00.

Atualmente, o cemitério do Alecrim conta com dois vigilantes desarmados durante o dia e dois armados no período noturno. A medida adotada visa coibir o vandalismo no primeiro cemitério público da capital. Hoje, o quadro de funcionários do cemitério é de 22 servidores, sendo seis zeladores, oito coveiros e os demais são vinculados ao setor de administração.

Tombamento

Tombamento é o ato de reconhecimento do valor cultural de um bem, que o transforma em patrimônio oficial e institui regime jurídico especial de propriedade, levando-se em conta sua função social. Um bem cultural é "tombado" quando passa a figurar na relação de bens culturais que tiveram sua importância histórica, artística ou cultural reconhecida por algum órgão que tem essa atribuição.

O processo de tombamento do cemitério do Alecrim iniciou na atual gestão municipal. Por ser antigo e abrigar jazigos arquitetonicamente importantes, o cemitério agora passa a ser patrimônio oficial da capital. Algumas pessoas de reconhecida importância na vida social da cidade tiveram o cemitério do Alecrim como última morada, caso do doutor Januário Cicco, padre João Maria, Soldado Luiz Gonzaga e do historiador e folclorista Luís da Câmara Cascudo.

A reforma e revitalização do cemitério do Alecrim faz parte da programação de comemoração dos 100 anos de fundação de um dos mais tradicionais bairros de Natal e que foi intensificada a partir do dia 21 de outubro, com a inauguração do novo relógio do bairro, entregue pelo Rotary Club do Alecrim. O relógio confeccionado na Alemanha foi entregue em solenidade, seguida de atividades culturais.

No dia 22 de outubro ocorreu a sétima edição do Natal em Ação, quando a Prefeitura ofertou à comunidade diversos serviços de suas secretarias municipais, além da emissão de documentos, atendimento jurídico, corte de cabelo, manicure, consultas e exames médicos. Já no dia 23, quando o bairro completou oficialmente 100 anos, foi realizada missa campal, programação cultural e o oferecimento à população de um bolo de 100 metros de comprimento. No dia 01 de novembro, como confirmou o secretário da Semsur, Cláudio Porpino, o cemitério será entregue reformado e revitalizado, junto com seu tombamento.

Conforme pesquisas de Câmara Cascudo, o cemitério público do Alecrim, é um dos marcos no surgimento de uma das mais tradicionais comunidades de Natal, sendo entregue à população em 1856, pelo então presidente da província, Antônio Bernardo de Passos. E isso foi feito 55 anos antes da inauguração oficial do bairro do Alecrim no dia 23 de outubro de 1911. Atualmente o cemitério está com 155 anos de fundado.


História do Alecrim
Localizado na zona Leste de Natal e com uma população de 32.380 habitantes, o bairro do Alecrim concentra 31% da atividade empresarial da cidade e 40% de todo comércio varejista de Natal. Refoles, Alto da Santa Cruz e Cais do Sertão foram algumas denominações do bairro nestes 100 anos. O cemitério público do Alecrim foi criado em meados do século 19 por causa de uma epidemia de cólera que aumentou a mortalidade geral da cidade. No bairro, encontram-se igrejas católicas como a Paróquia de São Pedro e evangélicas, as mais famosas praças públicas, a Vila Naval e a Feira, uma das mais antigas, os clubes sociais e escolas públicas.


O bairro do Alecrim é o quarto bairro da capital potiguar. Ganhou esse nome por conta de uma velha senhora que costumava enfeitar com ramos de alecrim os caixões dos "anjinhos" enterrados no cemitério público, um dos marcos da ocupação que deram origem ao bairro. Outra versão fala da abundância de alecrim-do-campo nesta área. Foi oficializado bairro em 30 de setembro de 1947.

A grande marca registrada do bairro é possuir um comércio de produtos populares, que gerou a construção de um camelódromo, na avenida Presidente Bandeira, para resolver problemas gerados pelo conflito entre ambulantes e comerciantes. O Alecrim já teve cinco cinemas, foi palco de grandes festas de carnaval e era lugar de encontro de boêmios durante a Segunda Guerra Mundial, como o Bar Quitandinha, na Praça Gentil Ferreira.

Algumas ruas do bairro têm nome datado do século 19. A rua Coronel Estevam criada em 1908, por exemplo, recebeu esse nome em homenagem ao homem que abriu a primeira estrada da capital à cidade de Macaíba. Na parte alta do Alecrim, as avenidas a partir da Presidente Quaresma, receberam antes do bairro ser oficializado em 1911, a numeração 1,2,3,4,5 até 18. Também receberam números, as artérias que cruzam essas avenidas no sentido Leste-Oeste. Nas décadas de 30 e 40, essas ruas receberam denominações em homenagem aos presidentes da província e a tribos indígenas.

A marca registrada do bairro é possuir um comércio de produtos populares, que gerou a construção de um camelódromo, na avenida Presidente Bandeira, para resolver problemas gerados pelo conflito entre ambulantes e comerciantes. Já a Feira do Alecrim funciona há mais de 90 anos, todos os sábados, durante todo o dia, e oferece grande variedade de produtos. É a feira mais popular de Natal.