Os 200 anos de nascimento da escritora, educadora e poetisa potiguar Nísia Floresta Brasileira Augusta, serão lembrados em dois encontros. O primeiro deles foi realizado na noite desta quinta-feira (11), no auditório da Aliança Francesa, em Petrópolis com uma mesa-redonda, às 19h30.

 

Participaram como debatedores a professora aposentada da UFRN, Vitória Costa (pós-doutorado em Direito internacional na França, que realiza palestras sobre Nísia Floresta em várias instituições culturais do país), o escritor e artista plástico Dorian Gray, a presidente da Academia Feminina de Letras, Zelma Furtado. A mesa teve ainda a presença do presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte (IHGRN), Enélio Petrovich, do presidente da Fundação Cultural Capitania das Artes (Funcarte), Rodrigues Neto, além do diretor da Biblioteca Pública Municipal Esmeraldo Siqueira, José Augusto Costa Júnior.

 

O evento foi realizado em parceria entre a Funcarte e a Aliança Francesa. “Este evento é muito importante, pois faz um resgate histórico da figura de Nísia Floresta, não só para o cenário da cultura potiguar, como também para o mundo. Por isso, não poderíamos nus furtar de apoiar esta homenagem a uma potiguar de alma internacional à frente do seu tempo”, destacou o presidente da Funcarte, Rodrigues Neto.

 

“Comentar sobre Nísia Floresta é falar de uma mulher que foi vanguarda no seu tempo, quando o feminino era tido como algo secundário na sociedade e talvez a mais importante célebre das nossas personalidades culturais foi uma das que mais lutou contra isso, não só no Brasil, como também na França, onde viveu 28 dos seus 75 anos de vida”, destacou o escritor, poeta, artista plástico e membro da Academia Norte-rio-grandense de Letras (ANL), Dorian Gray Caldas.

 

“Nossa casa não poderia deixar de abrir espaço para evento de tamanha grandiosidade, pois somos um centro cultural divulgador da cultura francesa em Natal, a potiguar Nísia Floresta dedicou boa parte de sua vida a divulgar e cultuar a cultura Francesa em suas obras e em sua própria vida como militante feminista e dos direitos humanos”, destacou a presidente da Aliança Francesa, Gileude Peixoto.

 

O segundo encontro será realizado no espaço de exposição da Faculdade Natalense para o Desenvolvimento do RN (FARN), na próxima quinta-feira (18), às 19h30. Assim como ocorreu na Aliança Francesa, na Farn também ocorrerá uma mesa redonda de debates com palestras e exposição com fotografias de Nísia Floresta, painéis com sua história e exemplares dos livros de sua autoria.

 
A homenageada
 

Nísia Floresta escrevia sobre a escravidão, o sofrimento do índio e também as belezas do Brasil. Mas, acima de tudo, sobre a mulher e a opressão vivida pelo sexo feminino. Na verdade, tudo que Nísia Floresta escreveu foi para defender as causas nas quais ela acreditava, mais que por aspiração literária. Na Europa, consagrou-se, estabeleceu amizade com grandes intelectuais e residiu em vários países. Morreu na França, em 1885, após 75 anos vividos e 15 obras publicadas, além de incontáveis artigos na imprensa brasileira.

 
Uma peregrina de outrora
 

A educadora, escritora e poetisa nascida em 12 de outubro de 1810, em Papari, Rio Grande do Norte, filha do português Dionísio Gonçalves Pinto com uma brasileira, Antônia Clara Freire, foi batizada como Dionísia Gonçalves Pinto, mas ficou conhecida pelo pseudônimo de Nísia Floresta Brasileira Augusta. Nísia é o final de seu nome de batismo. Floresta, o nome do sítio onde nasceu.

 

Brasileira é o símbolo de seu ufanismo, uma necessidade de afirmativa para quem viveu quase três décadas na Europa. Augusta é uma recordação de seu segundo marido, Manuel Augusto de Faria Rocha, com quem se casou em 1828, pai de sua filha Lívia Augusta. Nísia faleceu em Rouen, na França, aos 75 anos, a 24 de abril de 1885, de pneumonia. Foi enterrada no cemitério de Bonsecours. Em agosto de 1954, quase 70 anos depois, seus despojos foram transladados pra o Rio Grande do Norte e levados para sua cidade natal, Papari, que já se chamava Nísia Floresta. Primeiramente foram depositados na igreja matriz, depois foram levados para um túmulo no sítio Floresta, onde ela nasceu.