A Secretaria Municipal de Educação de Natal, realizou, na segunda-feira (12), formação continuada voltada para os professores de Educação Física. O encontro, realizado no Centro Municipal de Referência em Educação Aluízio Alves (Cemure), teve como tema central “Tecendo a ludicidade: brinquedos, brincadeiras e jogos populares, indígenas e africanos”.


A formação contou com a participação de 45 professores, que vivenciaram momentos teóricos e práticos. Os conteúdos foram conduzidos pelos professores Lerson Maia e Marcos Vinícius, ambos do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN), com apoio de Ricardo França da S. Buiú, bolsista pesquisador do Museu do Brinquedo Popular do IFRN. O objetivo foi explorar e valorizar os brinquedos e brincadeiras tradicionais do Brasil, especialmente aqueles de origem indígena e africana, compreendendo a importância enquanto patrimônio histórico-cultural e ferramenta pedagógica no processo de ensino e aprendizagem.


No primeiro momento da formação, foi promovido um debate teórico sobre a ludicidade e o papel dos jogos tradicionais. Após o intervalo, os participantes puderam vivenciar na prática diversas brincadeiras e atividades, com foco nos brinquedos de matriz indígena e africana.


A assessora pedagógica de Educação Física da SME-Natal, Ana Aparecida T. da Silveira, destacou que a formação é parte das ações ocorrem ao longo do ano e com uma temática específica. "Essa, em particular, trata dos jogos e brincadeiras, uma de nossas unidades. Trouxemos os jogos africanos e indígenas com a proposta de resgatar elementos culturais que fizeram parte da infância de muitos professores e que hoje se encontram esquecidos diante do avanço dos jogos digitais", explicou.


O professor Lerson Fernando dos Santos Maia,  ressaltou a importância do brinquedo e da brincadeira como elementos formadores da cultura e da educação. “Essas práticas não devem ser vistas apenas como formas de gasto de energia ou desenvolvimento motor. Brinquedos e brincadeiras são patrimônios culturais da humanidade e, como tal, precisam ser reconhecidos, valorizados e trabalhados em sala de aula com esse olhar”, defendeu.


Já o professor Marcos Vinícius de Faria Oliveira, coordenador do Museu do Brinquedo Popular, enfatizou a necessidade de uma abordagem pedagógica mais profunda sobre o tema. "Nosso desafio é ir além da atividade em si. É necessário discutir como esses jogos e brincadeiras podem provocar reflexões sobre as tradições culturais, os processos históricos, como a colonização, e a forma como essas questões influenciam a cultura lúdica atual", destacou.


Ao final do encontro, os professores participaram de oficinas práticas envolvendo brinquedos de origem indígena, como a carrapeta, o corrupio e o tradicional jogo da onça. A atividade teve como principal propósito destacar a relevância do brinquedo como um bem cultural e pedagógico, capaz de enriquecer o processo de ensino nas escolas da rede pública municipal.