A Caravana da Saúde Escolar está realizando atendimentos hoje (02) e amanhã (03) na Escola Municipal Mereci Gomes dos Santos, no Passo da Pátria. Esta é a 51ª instituição atendida pelo Projeto que leva médicos e consultórios móveis para dentro das escolas municipais da capital e já atendeu mais de 8.700 alunos e mais de 1.500 professores.
No primeiro dia, as ações estão sendo dirigidas aos professores e equipe de apoio da instituição. Entre as principais orientações passadas aos profissionais nas visitas às escolas de Natal, está a importância de se beber água durante a rotina de trabalho, para a manutenção da saúde vocal.
Ao sentar na cadeira para a realização dos exames de laringoscopia e espectrografia vocal com a equipe de especialistas da Caravana, todos os profissionais das escolas atendidas falam sobre seus hábitos vocais e recebem dicas e orientações bem direcionadas à sua realidade. Porém, a primeira pergunta feita pelas fonoaudiólogas é sempre a mesma: Se possuem o hábito de beber água com freqüência.
“Todos devem tomar consciência que sérios problemas vocais podem ser prevenidos com a adoção de cuidados simples, começando pela hidratação”, destaca a fonoaudióloga Daniele Matias. Segundo a fono, a falta de hidratação leva a um ressecamento da mucosa das pregas vocais, fazendo com que o profissional tenha dificuldade inclusive de manter a fala em intensidades mais elevadas em alguns momentos, gerando um maior esforço e conseqüentemente um maior desgaste vocal.
Funciona assim: A laringe produz normalmente uma secreção que age como uma proteção para esta região, principalmente na mucosa das cordas vocais, diminuindo o atrito entre elas e aumentando sua flexibilidade e vibração. A água ajuda na melhor hidratação das células que, por conseguinte, produzem uma secreção mais fluída facilitando o processo de vibração das pregas vocais. Se a mucosa das pregas vocais estiver muito ressecada, poderá haver um grande atrito entre elas o que poderá acarretar, inclusive, o aparecimento de alguma lesão.
Com a mucosa hidratada, as pregas vocais vibram melhor, exigindo um menor esforço para a fala. Mas, a fonoaudióloga ressalta detalhes importantes para que a hidratação realmente tenha eficácia para a saúde da voz. A água dever ser tomada sempre em temperatura ambiente, para evitar choques térmicos que podem causar irritação na garganta e, além disso, em pequenos goles durante todo o dia e não somente em alguns períodos.
Para estimular a hidratação durante as aulas, após os exames, todos os professores recebem squeezes personalizadas e um manual com mais dicas para a consulta diária. “Explicamos aos professores que eles não devem beber água somente quando sentem sede ou quando entram ou saem da sala de aula. O ideal seria pelo menos dois goles a cada 15 ou 20 minutos. E garrafinha é uma forma de estar lembrando isso. Brinco que deve ser assim: olhou para a garrafa, bebe água, olhou de novo, bebe mais um pouquinho”. diz a fonoaudióloga.
Daniele Matias alerta ainda sobre a substituição da água por pastilhas e sprays, que apenas funcionam como um paliativo para a sensação de incomodo, trazendo a impressão de melhora do problema, por provocarem um efeito anestésico, mas que na verdade levará o profissional faça um maior esforço vocal sem perceber. “Com uso de pastilhas para aliviar a sensação de cansaço, ardência ou de garganta seca, tem-se apenas uma sensação momentânea de melhora, mas que não ocorre nas cordas vocais. E, quando o efeito passa, o profissional sentirá os sinais da alteração vocal até de forma mais intensa do que antes”, explica.
Mudança de hábitos
“Fiz os exames e vi que está tudo bem com a minha voz, mas não tomo água como deveria. Muitas vezes já sabemos de tudo, mas não adotamos realmente no nosso dia a dia. E esse projeto vem como um reforço a mais para chamar a atenção dos professores para o uso com qualidade de um de seus principais instrumentos de trabalho”, coloca a professora Maria Lucia Golveia, coordenadora da escola municipal Angélica de Almeida moura, onde a Caravana finalizou sua primeira fase de atendimentos esta semana.
“Eu já tenho uma garrafinha, o problema é que trago uma semana e na outra não. Eu também nunca substituo a água por pastilhas, mas só bebia água quando sentia sede ou quando a garganta já começava a arder, mas depois de toda a conversa com a fono e mais informações que tenho agora, vou tentar fazer tudo da maneira correta, para evitar problemas no futuro”, afirma a professora Francisca de Fátima Barros, atendida durante a visita da Caravana da Saúde à escola municipal professora Maria Dalva Gomes Bezerra, na última quarta-feira.
Estudantes
Além dos professores, os profissionais da Caravana da Saúde atendem os alunos. Já são mais de 8.700 estudantes examinados até agora. Eles passam por diagnóstico clínico e exames com equipamentos de última geração para detectar problemas de visão e audição que podem interferir no rendimento escolar.
Os alunos com problemas recebem atendimento adequado, óculos e, em alguns casos, até encaminhamentos para procedimentos cirúrgicos.