Antes mesmo dos portões abrirem no Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro Pop), uma fila de ansiosos já se formava do lado de fora. Nesta segunda-feira, além do atendimento diário, com refeições, higiene e acolhimento, no local, as pessoas em situação de rua aguardavam a primeira dose da vacina contra Covid. Hoje, o atendimento é das 8h às 16h, tanto no Centro Pop quanto no Albergue Noturno no Centro da Cidade. 

A população em situação de rua, de qualquer idade, está contemplada no Programa Nacional de Imunização contra a Covid nesta etapa e para este primeiro lote foi disponibilizada a quantidade de 660 doses de imunizantes. No Centro Pop eram esperadas no início da manhã cerca de 100 pessoas que normalmente são atendidas no local. O levantamento feito na cidade contou com equipes da Secretaria de Assistência Social, Secretaria de Igualdade Racial e Direitos Humanos e da Secretaria Municipal de Saúde. 

O secretário Municipal de Assistência Social, Adjuto Dias, percorreu os locais de vacinação desse público para acompanhar o trabalho das equipes. “Essa população entra no plano nacional de imunização, então estamos iniciando essa fase aqui na cidade de Natal. Em parceria da Semtas, com a Secretaria Municipal de Saúde e o programa Mais Vacina, do Governo do Estado, então se iniciou o levantamento dessa população em situação de rua pelos serviços da Semtas, como Centro Pop, Albergue Municipal, serviços de abordagem, consultório de rua e estamos iniciando hoje a vacinação dessa população”, afirmou. 

Primeiramente, de acordo com o secretário da Semtas, serão atendidas as pessoas já cadastradas nesses programas e posteriormente a população de rua, que por ventura não esteja dentro de nenhum programa, será identificada pelos consultórios de rua para dar continuidade ao trabalho. Está programado para esta quarta-feira (31) a vacinação das pessoas acolhidas pela Instituição Toca do Assis. 

“A população em situação de rua é um dos públicos mais vulneráveis presentes nas capitais, em Natal estima- se que existam em torno de duas mil pessoas morando na rua por diversos fatores. Por ser um grupo cujas características possibilitam maior risco de exposição e transmissão do vírus, é acertado a imunização dessa população, que vem se articulando nacionalmente através do Movimento Pop Rua em defesa da vacina”, afirmou a secretária Municipal de Igualdade Racial e Direitos Humanos, Yara Costa. “Serão muitas vidas salvas na nossa cidade e, sem dúvidas, todos que atuam na área de direitos humanos vibram com essa conquista”, ressaltou a importância da ação.

Centro Pop
Ailton Ferreira, 35 anos, foi uma das primeiras pessoas a receber a primeira dose da vacina nesta segunda-feira no Centro Pop. Ele é uma das cem pessoas atendidas diariamente pelo local com serviço de alimentação, começando pelo café da manhã, higiene pessoal, lavanderia, acolhimento e direcionamento para algum serviço assistencial, caso haja necessidade. 

“Eu queria muito me vacinar porque fica prevenido”, disse Ailton, que conhece pessoas que tiveram a Covid-19, mas de forma branda, segundo ele. “As pessoas morrem porque não acreditam que podem se prevenir”, acrescentou. Com a carteira de vacina na mão, ele já sabe que em 90 dias vai retornar para tomar a segunda dose. 

No Albergue noturno a ansiedade era a mesma entre frequentadores. Edilson Marques da Silva, 61 anos, se mostrou bem consciente sobre a imunização. "É importante imunizar, mesmo que não seja totalmente seguro, mas tem que vacinar pra evitar essa doença que já matou tanta gente", falou.