O canteiro da avenida Duque de Caxias, na Ribeira, recebeu na tarde desta sexta-feira (28) uma muda de pau-brasil em substituição à castanhola que foi abatida por risco de tombamento. Segundo o advogado, poeta e escritor Diógenes da Cunha Lima, não há qualquer referência na obra do Luis da Câmara Cascudo sobre a suposta “Árvore da Cidade”. O estudioso reforça que ele apenas citou a existência de um “grande castanheiro, desgalhado, de aspecto feio”, na crônica “A última árvore da ‘Silva Jardim’.

“Há mais de dez anos, fui com um professor da antiga ETFRN visitar a castanhola com o objetivo de tentar buscar uma solução para fazê-la reviver, mas à época já não havia possibilidade de recuperá-la. O que realmente é importante nessa história é que se possa preservar a arborização da cidade, perpetuando essa ideia. Ainda mais com uma árvore que é símbolo do nosso país”, relembrou Diógenes da Cunha Lima.

A advogada Camila Cascudo, bisneta de Câmara Cascudo, também participou do plantio e disse que a família se sente lisonjeada com a homenagem que a Prefeitura de Natal faz à memória do folclorista e escritor. “Todos sabemos que, na natureza, tudo nasce e morre. Então, se a castanhola já não podia ficar no local porque apresentava risco, que seja plantada essa nova árvore de pau-brasil. É interessante porque o local passa a ser um marco até para as futuras gerações”, revelou.

O secretário municipal de Serviços Urbanos, João Bastos, frisou que a Prefeitura tem a obrigação prevista por lei de podar e abater vegetais que estejam sem vitalidade e com risco de tombamento, para evitar acidentes com pedestres e veículos. “Estamos satisfeitos porque a legislação foi cumprida e, agora, no local, está uma árvore viva, pronta para se desenvolver e valorizar a av. Duque de Caxias”, complementou.

O abate da árvore foi solicitado pelo Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos (Seturn) no dia 27 de abril de 2010. A necessidade de abate foi atestada pelo parecer técnico nº 217/2010, em que o engenheiro agrônomo Hélio Pignataro Filho atestou, após visita in loco, que “o vegetal encontra-se sem vitalidade, já completamente seco, desprovido de folhas, presença ativa de cupins e formigas e com risco de tombamento”.

O pau-brasil é um vegetal brasileiro de grande porte, resistente e símbolo da Mata Atlântica, podendo alcançar de 10 a 15 metros de altura. A muda plantada no canteiro da av. Duque de Caxias tem três anos de idade e cerca de três metros de altura. O processo de retirada da árvore foi concluído na manhã desta sexta-feira com a extração da raiz.

Legislação

A lei nº 6.058 de 26 de janeiro de 2010 disciplina a poda e o abate de árvores na capital. O artigo 12 ratifica que a supressão ou poda só poderá ser autorizada quando a árvore ou parte dela apresentar risco iminente de queda e quando o estado fitossanitário da árvore justificar, como foi o caso da castanhola da Av. Duque de Caxias.

A lei determina ainda que as árvores de logradouros públicos, quando suprimidas, deverão ser substituídas pela Prefeitura, de acordo com as normas técnicas, em um prazo de até 30 dias após o corte. No caso específico da árvore da Duque de Caxias, a substituição foi realizada de forma imediata.