Estagiárias do Centro de Referência Elizabeth Nasser – da Secretaria Municipal de Políticas Públicas para as Mulheres (Semul), as alunas do curso de Psicologia da UFRN Eliane Lucas e Jaqueline Torquato aproveitaram o contato com o trabalho desenvolvido pela instituição no atendimento à mulher em situação de violência, para analisar mais a fundo as características das usuárias do Centro.


Orientadas pela Prof.ª Dra. Magda Dimenstein, elas tomaram como base o banco de dados dos atendimentos realizados em 2013, 2014 e no primeiro semestre de 2015. De acordo com a comparação levantada pelas alunas, houve um crescimento no número de atendimentos realizados pelo Centro no decorrer deste período. No segundo semestre de 2014, por exemplo, foram realizados 53 atendimentos, enquanto que no primeiro semestre de 2015, foram 73 atendimentos.


Apesar de o Centro de Referência, que é localizado na zona norte, ser um serviço do município de Natal, há demandas de outras regiões, como a metropolitana e do interior do estado. No que se refere aos atendimentos que dizem respeito à capital, a demanda da zona norte é infinitamente maior, com 146 atendimentos, seguida pela zona oeste com 35 e a zona leste com 15. A zona sul aparece em quarto lugar com 11 atendimentos.


A maior parte dos casos de violência aconteceu com mulheres de cor parda (40,3%), na faixa etária entre 26 e 35 anos (77 relatos), que se apresentam como solteiras (58%) e com um nível de escolaridade baixa (78 relatos). Essas mulheres, em sua maioria, estão desempregadas (29,4%) e não possuem quaisquer tipos de renda (37,1%).


De acordo com o levantamento, a violência foi provocada, em sua maioria, pelos companheiros (71%), pelos mais variados motivos (ciúmes, pelo fato de a mulher querer se separar, por ter saído de casa, entre outros), durante o relacionamento atual (66%), diariamente (30%) e dentro da própria casa (58%). Foram relatados pelas mulheres vários tipos de violências sofridas, sendo as mais comuns a física, verbal e a psicológica. A maioria relatou que a situação de violência acontecia há cerca de dois anos (52%) e que já havia prestado queixa na delegacia (64%). A mais procurada por elas é a Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher – DEAM (116 relatos).


Entre estes casos recebidos pelo Centro de Referência Elizabeth Nasser, 38 foram encaminhados para a Casa Abrigo Clara Camarão, por se tratar de mulheres que corriam risco de morte por seus companheiros e exigiam proteção especial até que as medidas protetivas fossem providenciadas. E 64 tiveram o acompanhamento realizado pelos serviços do próprio Centro de Referência, que oferece apoio psicossocial e jurídico. O restante contou com o auxílio de outras instituições que fazem parte da rede de proteção à mulher, como o CRAS, Defensoria Pública, Ministério Público, entre outras.


A pesquisa é um documento que ajuda a refletir o trabalho desenvolvido pelo Centro de Referência, já que aponta quem é a mulher atendida por seus serviços e de que forma as estratégias de proteção podem ser fortalecidas, para que mais mulheres se sintam seguras para procurar ajuda. “Vemos, por exemplo, que o aumento no número de denúncias de violência contra a mulher significa que elas se sentem mais encorajadas a procurar ajuda e isso é positivo. Nossa intenção é ampliarmos a rede para as quatro regiões da capital para ficarmos cada vez mais próximas das mulheres. Na sede da SEMUL, localizada no bairro de Lagoa Nova, este atendimento já é disponibilizado para as moradoras da zona sul e de outras regiões de Natal”, aponta Aparecida França, secretária da Semul.

SEMUL
Rua Antídio de Azevedo, 1895 – Lagoa Nova – Natal/RN
(84) 3232.1039 / 3232.9283 / 3232.1036 / 3232.1045

Centro de Referência Elizabeth Nasser
Avenida Acaraú, 2118, Panatis, Zona Norte – Natal/RN
(84) 3232.4875