Um musical recheado de cores e movimento. Mais de 120 pessoas, entre atores, bailarinos e figurantes, se revezam no palco do anfiteatro do campus da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) para contar a história de “Maria, José e o Menino Deus”, espetáculo do Auto do Natal que integra a programação do “Natal em Natal”. Esta é a última noite de apresentação do espetáculo, a partir das 20h30. Logo após o espetáculo, o show de Bibi Ferreira encerra a temporada de três dias do Auto do Natal 2009.
O mais contemporâneo dentre os espetáculos sobre a vida de Jesus, apresentados no auto natalino, através da Fundação Capitania das Artes (Funcarte), resgata a história de Maria, mãe do Senhor, com base no evangelho apócrifo de Tiago, até o nascimento de Cristo. O enfoque do musical está na família e nos valores humanos, ao mesmo tempo em que critica o culto ao consumismo e a valores como a ganância, representada, neste caso, por Herodes. Textos apócrifos são os livros que apesar de atribuídos a um autor sagrado, não são aceitos pela Igreja Católica.
De acordo com o presidente da Funcarte, Rodrigues Neto, a proposta deste ano era contar a história do nascimento de Cristo sem o uso da licença poética de forma exacerbada. “Sou de formação evangélica, tenho interesse pela questão da religiosidade popular e fiz pós-graduação em Antropologia. Assisti aos demais Autos e sempre critiquei a utilização exagerada de elementos folclóricos que acabavam fugindo da história tradicional ao misturar o profano e o sagrado. Esta proposta teve o objetivo de respeitar a história do nascimento, vida, crucificação, morte e ressurreição de Cristo”, observou o presidente, ressaltando que suas observações não representam uma crítica às edições anteriores do Auto, até porque respeita a licença poética da qual os autores lançam mão para criar os mais diversos espetáculos. “Acho que não podemos esquecer que a proposta deste espetáculo é seguir o evangelho”, disse.
Rodrigues Neto revelou estar satisfeito com o resultado do espetáculo e com a reação do público. “O Auto está focado na história sagrada, a partir de personagens que, geralmente, não são explorados a fundo. Além disso, leva as pessoas a refletirem acerca dos valores humanos. Tudo isso, trazendo o clássico da literatura com uma releitura moderna. Não queríamos polemizar, apenas contar a história como ela é, independente de religião, credo, idade e condição social.”, revelou.