O jornalista e escritor Zuenir Ventura bateu papo com o jornalista potiguar Cassiano Arruda, encerrando os debates do Festival Literário de Natal (Flin), neste sábado (9). Zuenir Ventura contou histórias que vivenciou, como uma viagem ao Delta do Parnaíba. “As viagem estão muito ligadas à minha vida. A crônica no Brasil começa com a carta de Pero Vaz de Caminha”, disse o autor de “1968 – O ano que não terminou”.

Por sua vez, Cassiano Arruda questionou o escritor sobre a biografia de Chico Mendes, segundo o qual, teve apenas “um dos lados da medalha”. Em resposta, Zuenir Ventura disse que não tinha muito conhecimento da vida de Chico Mendes, e que encontrou problemas na pesquisa: “Chico era bígamo. Foi um trabalho muito difícil. A reportagem com uma das mulheres dele causou polêmica”.

Contou que a principal testemunha da morte de Chico Mendes era um jovem de 13 anos. Quando voltava para Xapurí sempre encontrava o adolescente. Tomou providências e o menino foi para o quartel da Polícia Militar. Num dia qualquer, um coronel da PM ligou e pediu para ele levar o menino para o Rio de janeiro, pois o mesmo corria risco de morte. Genésio ficou na casa de Ventura até os 18 anos: “Eu me misturei com a notícia. Mas faria tudo novamente. Foi o mínimo que podia fazer como jornalista e cidadão”.

Sobre a obra “1968 – O ano que não terminou” ele se definiu como um repórter que contou um período importante da história do Brasil. Disse que estamos vivendo uma revolução tecnológica com ganhos e perdas, e que a Internet é um território livre para a pedofilia, por exemplo.

Contou que “morreu atropelado” na Internet, onde saiu uma notícia sobre seu “encantamento”. “O jornalismo faz parte dessa crise. Não sei o que vai ocorrer daqui por diante. Mas acredito na convivência entre todas as mídias”, observou.

Sobre as redes sociais, o jornalista colocou que as pessoas não confiam na Internet. Comentou, ainda, que a impunidade na grande rede é “terrível”. Em relação à censura a biografias, disse que não quer “esse fantasma pairando sobre nossas cabeças”. Para ele, em último recurso, há que se recorrer a justiça, em casos extremos, além de instâncias maiores.