O compositor, músico e ensaísta da música brasileira José Miguel Wisnik, a cantora Vânia Bastos e o músico e compositor Gereba Barreto compuseram a mesa “A literatura e a música de Vinícius de Morais”.

Com José Miguel Wisnik ao piano, a obra do Poetinha foi passada a limpo. “Eu sei que vou te amar”, parceria de Vinícius e Tom Jobim, abriu o encontro. Vânia Bastos soltou a voz e calou a audiência com sua voz de veludo. Após a abertura, Miguel Wisnik falou sobre a parceria de Vinícius de Morais com o músico Tom Jobim. “A peça ‘Orfeu da Conceição’ demorou para nascer. Foi a primeira parceria entre Vinícius e Tom. A partir da peça, Vinícius retornou para a canção popular”, assinalou.

Para Wisnik, Vinícius cruzou a ponte entre a poesia culta que praticava e a música popular. Ele comentou diversas canções da dupla Tom e Vinícius, entre as quais “Garota de Ipanema”. Desmistificou a canção que, de acordo com ele, nascera antes da dupla conhecer a homenageada garota de Ipanema. “Tom se referira a uma gaivota na primeira versão”, afirmou.

Ele disse que a poesia de Vinícius é conduzida pela alternância entre a melancolia e as paixões: “Garota de Ipanema já estava na poesia de Vinícius desde os anos 1930 no poema ‘A mulher que passa’. O tema vinha sendo elaborado. Os acordes foram precursores da Bossa Nova”.

O músico também comentou as canções “Desafinado”, “Samba de uma nota só” e “Insensatez”. Observou, ainda, que Vininha buscou uma coloquialidade nas letras e decepcionou os grupos da poesia erudita, que participara na primeira metade do século 20.

Ao término da exposição, o músico chamou ao palco o músico Gereba Barreto. O baiano executou canções que compôs para homenagear Vinícius. Logo após a apresentação de Gereba, a cantora Vânia Bastos subiu ao palco para interpretar músicas do Poetinha, com destaque para “Se todos fossem iguais a você”.