Repetindo o sucesso da abertura, a segunda noite do Festival Literário de Natal (Flin) teve início com o tema “Ficção, história e memória: caminhos cruzados”. A mesa contou com a participação dos escritores Rubens Figueiredo (UFRJ) e Ronaldo Correia de Brito, com a intermediação do escritor e professor universitário potiguar, Humberto Hermenegildo (UFRN).
O escritor Rubens Figueiredo iniciou o debate falando sobre o livro “Passageiro do fim do dia”. Segundo ele, a memória predominantemente não é a do autor, mas a de pessoas que conviveu ao longo da vida. As conversas – segundo o escritor – eram portadoras de uma memória popular. “Meu livro incorpora a memória dessa forma. As pessoas não tinham consciência de que estavam sendo ouvidas para serem personagens de um livro”, disse.

Por outro lado, de acordo com Figueiredo, o livro também tem conteúdo ficcional porque há uma composição nesse sentido. “A literatura nos ajuda a perceber as coisas. Os livros escritos por mim são – em sua maioria – baseados em fatos reais”, informou.

Já o escritor e teatrólogo Ronaldo Correia de Brito citou o professor, escritor e diretor de teatro russo, Constantin Stanislaviski, e a memória da emoção da personagem, que faz parte do sistema criado pelo autor de “A construção da personagem” no início do século 20.

Ele disse que ao longo da construção dessa memória, vai procurando uma identificação com o público. Contou que no último romance resolveu investir em reminiscências, observando o cotidiano das pessoas.

Ronaldo Correia de Brito se considera um escritor regional por escrever sobre sua realidade e pela própria geografia do seu Estado de origem, o Ceará. “Você precisa ouvir a voz do livro”, comentou. Sobre a polêmica de censura a biografias, os dois escritores não quiseram se pronunciar.