O reconhecimento e a proteção dos bens culturais são primordiais para preservar a identidade de um povo. Pensando nisso, a Prefeitura do Natal por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb) lança um conjunto de ações voltadas para o centenário do bairro do Alecrim, comemorado em outubro deste ano. Dentre elas estão o tombamento de locais de valor histórico e cultural, o lançamento do livro Memória Minha Comunidade Alecrim e a elaboração de um Circuito Histórico do bairro.

O Alecrim foi o quarto bairro a ser fundado em Natal, e até hoje tem grande importância por toda a sua toda sua tradição. De acordo com a arquiteta e chefe do setor de Patrimônio Histórico da Semurb, Andrea Garcia, o objetivo destas ações é presentear a cidade com a preservação de um bem tão importante: a nossa história. Uma destas ações é o tombamento de locais considerados marcos para a cidade. Para tanto, foi elaborado um pacote de dossiês com todas as informações necessárias e as propostas para instituir o tombamento municipal da praça Gentil Ferreira, o relógio do Alecrim, a igreja São Pedro, a praça Pedro II, e o Cemitério Público.

“A proposta de tombamento do cemitério já esta sendo avaliada pelo Conselho Municipal de Cultura, responsável pela validação do tombamento. Ela foi entregue em dezembro de 2010, e nós estamos aguardando a decisão”, diz a arquiteta. “As demais propostas foram finalizadas este ano, e agora estão sendo apreciadas pelo secretario da Semurb para posteriormente seguirem para análise”, acrescenta.

Em relação ao lançamento do livro Memória Minha Comunidade Alecrim, o historiador da Semurb, Luciano Capistrano, responsável pela equipe que elabora a publicação, revela que o trabalho de pesquisa e entrevistas já foi concluído e que neste momento todo o material coletado passa pela etapa de análise. “A ideia é poder lançar o livro no mês de aniversário do bairro, já que é uma data tão importante, afinal são cem anos”, ressalta Capistrano.

A publicação faz parte do Projeto Memória Minha Comunidade, que segundo ele objetiva resgatar e preservar a história das comunidades e bairros da capital potiguar. Ele afirma que “esta é uma forma de fortalecer a identidade de nosso povo”, pondera. Todo o trabalho é feito pela equipe de pesquisadores da secretaria, e conta com o apoio de dois professores do Departamento de História da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

Já sobre o circuito histórico Capistrano informou que a Semurb esta com uma proposta de criar um roteiro de visitação pelos pontos mais importantes do bairro e, por meio de uma caminhada pelas ruas do Alecrim contar a história e o valor da comunidade para a população natalense e visitantes.

Tombamento

Segundo Andrea Garcia, os locais e equipamentos do bairro Alecrim escolhidos para o tombamento são exemplares do acervo arquitetônico, histórico e urbanístico da história e cultura potiguar. E as propostas para o tombamento são respaldadas pela lei n° 5.191 de 16 de maio de 2000, que dispõe sobre a preservação e tombamento do patrimônio histórico, cultural e natural do município.

Para a chefe do setor de Patrimônio Histórico da Semurb, a importância do tombamento o Cemitério do Alecrim, que já esta com a proposta em análise pelo Conselho Municipal de Cultura, reside no fato dele ser primeiro cemitério público da cidade e abrigar túmulos de importantes personalidades da história potiguar como Câmara Cascudo, Dix-sept Rosado, Januário Cicco, Juvino Barreto, Juvenal Lamartine, Henrique Castriciano, Padre João Maria. E também abriga túmulos de judeus, soldados americanos mortos na II Guerra Mundial e mausoléus maçons. Além disso, “o local abriga elementos arquitetônicos da época que merecem ser conservados e protegidos”, explica a arquiteta da Semurb.