As mulheres negras continuam sendo as maiores vítimas das violências psicológica (59%) e física (40%), mais do que as brancas (51% e 36% respectivamente). Os dados são resultado de recente levantamento realizado pelos estagiários de Psicologia da UFRN - Letícia Lívia, Janine Araújo e Victor Hugo Belarmino. Orientados pela professora Magda Dimenstein, os estudantes tomaram como referência as informações prestadas pelas mulheres atendidas no Centro de Referência Elizabeth Nasser durante o ano de 2016.
 
Essas mulheres são, em sua maioria, residentes na zona Norte de Natal (73%) – este índice pode ter relação com o fato de o Centro de referência estar localizado na região – seguidas de moradoras da zona Oeste (15%). Metade delas se identifica como de cor parda e 10% negras. As brancas representam um percentual de 26%. A maioria, 38%, tem entre 31 e 40 anos, porém, este dado está muito aproximado das mulheres entre 19 a 30 anos. Esta faixa etária representa 33% das mulheres agredidas diariamente por seus maridos, ex-maridos, namorados e ex-namorados.
 
Mais da metade delas disse estar em uma união estável (53%), seguidas de 18% que informaram ser casadas, enquanto que 19% delas informaram ser solteiras e 8% separadas e divorciadas. A maioria (60%) relata histórico de agressão de mais de dois anos.
 
O que chama atenção nos números computados é que 62% das mulheres disseram ser alvo de mais de dois tipos de violência e 22%, de todos os tipos de violência: psicológica, física, patrimonial, sexual, moral. As que alegam sofrerem mais de dois tipos, relatam sempre a psicológica e a física como principais. Os parceiros são os principais autores da violência doméstica relatada por elas (91%).
 
“Ao atingir o nível de agressão física, a violência contra a mulher já ultrapassou os limites da violência psicológica, moral e, em determinados casos, a violência patrimonial. O agressor, como os dados revelam, é, em sua maioria, o parceiro desta mulher, que a humilha com agressões verbais, visando atingir sua autoestima. Esse comportamento é o que chamamos de violência psicológica”, esclarece Aparecida França, secretária municipal de políticas públicas para as mulheres (SEMUL).
 
Geralmente silenciosa, segundo Aparecida França, a violência psicológica nem sempre é identificada pela mulher de imediato. Mas este é o primeiro sinal de alerta para o início do ciclo da violência doméstica, que culmina na violência física e, em casos extremos, na morte da mulher. “Ele começa a insultando, a chamando de burra, de feia, que não serve para nada, não faz nada direito, a chantageia, ridiculariza, a isola de convívios sociais e assim sucessivamente. É preciso que a mulher esteja alerta para esse comportamento do companheiro e que busque ajuda antes que o pior aconteça”, alerta Aparecida.
 
A violência psicológica não deixa marcas como as agressões físicas, mas pode prejudicar muito a vida da mulher que sofre esse tipo de agressão. Ela tende a ficar deprimida, tem a autoestima seriamente prejudicada, pode desenvolver síndrome de pânico, fobias e até levar ao suicídio. Podem também aparecer sintomas físicos, como manchas no corpo, hemorragias, fraturas, dores de cabeça, abortos espontâneos, entre outros.
 
Para atender a estas mulheres, o Centro de Referência Elizabeth Nasser oferece apoio psicológico, que dá o suporte que elas precisam para se fortalecerem emocionalmente e saírem do ciclo de violência em que se encontram. “A mulher que procura os nossos serviços já vem com o histórico de violência física e ameaça de morte, em alguns casos. Porém, todas elas precisam de suporte psicológico, pois chegam fragilizadas e precisam se fortalecer emocionalmente para retomar o rumo de suas vidas de forma plena e saudável”, aponta Aparecida França.
 
SERVIÇO:
Centro de Referência Elizabeth Nasser
Avenida Acaraú, 2118, Panatis, Zona Norte
(84) 3232.4875
 
DENÚNCIA:
3232.1036 / (84) 3232.4875 / Disque 180 (ligação gratuita)