A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) do Natal, por meio do Núcleo de Apoio a Estratégia Saúde da Família (NASF), realizou na última sexta-feira (7), no auditório da Unidade da Estratégia da Família (ESF) do Parque das Dunas, um encontro para a exibição e discussão do filme “Estamira” - um documentário que conta a história de uma mulher de 63 anos que sofre de distúrbios mentais e trabalha há mais de 20 anos no aterro Sanitário do Jardim Gramacho, um local renegado pela sociedade, que recebe diariamente mais de oito mil toneladas de lixo produzidos no Rio de Janeiro.
Histórias com este contexto social foram inicialmente identificadas no município do Natal e estão sendo estudadas e acompanhadas pelo Núcleo de Apoio a Estratégia Saúde da Família (NASF), em conjunto com a Vigilância Sanitária (VISA), Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), Centro de Referência da Assistência Social (CRAS), Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), além de professores e coordenadores pedagógicas de CMEI e Escolas, Conselho Tutelar e psiquiatras da Atenção Especializada.
De acordo com a coordenadora do Núcleo de Apoio da Estratégia Saúde da Família (NASF), Maria do Carmo, o objetivo destes encontros é sistematizar com os profissionais da área de saúde do município, trabalhos voltadas às ações coletivas, atendimento compartilhado, estudos e partilhas de casos relacionados ao Transtorno de Acumulação Compulsiva.
“Na primeira reunião com o grupo foi apresentado o Projeto Terapêutico Singular, para toda equipe de saúde envolvida. A ideia é que os profissionais possam contribuir com um olhar diferente, ampliando a compreensão e a capacidade de intervenção das equipes”, ressalta Maria do Carmo.
O NASF é composto por três grupos, cada um vinculado a sete equipes Saúde da Família, contendo as seguintes categorias profissionais: Assistente Social, Nutricionista, Psicólogo, Fisioterapeuta, Educador Físico e Farmacêutico. A ampliação das equipes da Unidade da Estratégia da Família (ESF), com o NASF pressupõe uma qualificação das ações diante das mudanças efetivas na lógica do atendimento, voltadas ao apoio matricial.
Transtorno de Acumulação Compulsiva
Acumuladores compulsivos são pessoas que aparentam levar uma vida comum, porém, suas residências são transformadas em verdadeiros depósitos de lixo e na maioria das vezes impedem o uso do imóvel, de sua manutenção higiênica e consequentemente, de uma vida saudável.
De acordo com a psicóloga integrante da equipe do Núcleo de Apoio a Estratégia Saúde da Família (NASF), Edna Maria Pinheiro o desenvolvimento inconsciente de compulsões por recolher, amontoar, comprar e acumular está muito além da dimensão consciente e da vontade controlada do sujeito. “É importante compreender o universo de cada acumulador e o funcionamento da desordem mental do indivíduo, identificando o que representa o acúmulo para estas pessoas”, explica Edna Pinheiro.
Na maioria dos casos os acumuladores vivem numa condição de miséria emocional e material, mesmo tendo boas condições econômicas e intelectuais, alguns vivem sozinhos e apresentam várias patologias devido à negligência na higiene e na alimentação. Por serem resistentes a qualquer tipo de ajuda e tratamentos oferecidos por familiares ou vizinhos, é necessária a intervenção pública, com mandado judicial para limpeza, controle sanitário, assistência social e psicológica.