Qual livro marcou sua vida? Se você ainda não tem resposta para essa pergunta, então é a hora de visitar a biblioteca mais próxima, ou um sebo, assim como Pablo Capistrano, escritor e professor fez aos 16 anos, descobrindo, no tradicional Sebo Vermelho, o livro que mudaria a sua vida para sempre: “On The Road”, do escritor norte americano Jack Kerouac.
A história ele contou no final da tarde de hoje (6) para uma plateia de educadores atenta à mesa sobre o tema, ao lado do escritor Manuel Azevedo e a professora Miriam Dantas de Araújo. “Foi o livro que eu li, e que me fez querer fugir de casa pela primeira vez”, comentou o escritor.
“Ter a sorte de encontrar um livro que marque a sua vida tem muito a ver com o acaso. Vários fatores precisam casar, mas acho que vai muito da época da sua vida também”, complementou, lembrando que na juventude ele e seus amigos se uniam para trocar livros “ruins” por livros bons no Sebo Vermelho. “Vivíamos em uma época sem pdf, sem internet. Ouvi falar de On The Road mas passei uns 5 anos até poder encontra-lo por Natal, lá no Sebo Vermelho”, afirmou.
Já a professora Miriam Dantas de Araújo lembrou que começou a ler a partir dos quadrinhos, junto com os meninos do seu bairro, quando ainda morava em Areia Branca. “A minha mãe morria de medo porque menina que lia quadrinhos não casava, essa era a lenda. Mas eu nem ligava para isso. Adorava ler Tarzan e Flash Gordon”, contou, de maneira descontraída, avançando no tempo até chegar ao primeiro homem que mudaria sua vida: Dostoiévski.
“Pense num cabra pra mexer comigo, principalmente quando li Crime e Castigo”, citou a professora, levando para a mesa, no entanto, outro autor que marcou a sua juventude, Bartolomeu Campos de Queirós, de quem leu um trecho de “Vermelho Amargo”. “Eu era tão apegada a Bartolomeu que quando ele faleceu recentemente, ligavam lá para casa me dando os pêsames por eu estar viúva”, brincou.
Fechando a mesa, o escritor de cordéis e editor Manuel de Azevedo, levantou seu exemplar já surrado de “As Aventuras de Tom Sawyer”, do escritor norte americano Mark Twain. “Eu li essa história e pensei eu sou isso, então eu posso escrever”, comentou.
ANA ELISA RIBEIRO E A LEITURA NAS ESCOLAS
Antes da discussão, o espaço localizado no auditório do Colégio Salesiano São José, recebeu a escritora mineira Ana Elisa Ribeiro para um bate papo sobre a produção textual e o universo da leitura nas escolas.
A escritora e professora já possui dois livros lançados pela editora potiguar Jovens Escribas, são eles: “Chicletes, Lambidinha e Outras Crônicas” (2012) e “Meus Segredos com Capitú” (2013), ambos reunindo as melhores crônicas que ela publicou no site “Digestivo Cultural”, no qual ela colabora há mais de 10 anos.
“Conheci Carlos Fialho por uma amiga nossa em comum, e depois quando vim a Natal em 2011 começamos a organizar a publicação do primeiro livro”, contou a escritora, que durante a sua mesa redonda compartilhou com os professores diversas histórias de sua rotina diária como professora. “Leciono do ensino médio até o doutorado, então são vários níveis… desde os que estão começando a escrever até os que já estão mais seguros sobre a escrita”, afirmou.
Ainda durante a sua fala Ana Elisa Ribeiro defendeu o livro paradidático como um apoio, e não a fonte principal de literatura dentro das salas de aula. “Eu sou aquele tipo de professora que gosta de selecionar quais textos serão trabalhados em sala de aula, e também de fazer o próprio material para apresentar os escritores aos alunos, e não de se apoiar completamente no material paradidático”, defendeu.