A vasta obra de Câmara Cascudo sempre rende novos apontamentos em palestras e discussões literárias. E quando representantes de um Núcleo da UFRN especializado no tema é convidado para falar o assunto, a perspectiva cascudiana recebe ainda mais olhares. Esta composição abriu a última noite do Festival Literário de Natal, com a pesquisadora Regina Medeiros, o pesquisador Alexandre Alves e a professora e coordenadora do Núcleo, Edna Rangel.
Regina Medeiros comentou o resultado de sua pesquisa de dissertação sobre o aspecto ensaístico de Cascudo e o livro Prelúdio e Fuga do Real, publicado em 1974 e repleto de diálogos imaginários entre um narrador de Cascudo e personalidades políticas, escritores ocidentais e figuras míticas. São vozes do passado, tradições e modernidades, fruto de pesquisas de uma vida inteira.
Alexandre Alves trouxe a temática da `poesia submersa, poetas e poemas no Rio Grande do Norte`, que abrange 90 anos de poesia potiguar. O pesquisador resgatou pioneirismos de Othoniel Menezes e Jorge Fernandes. Na esteira dos dois, seguiram Palmyra Wanderley e o Antônio Pinto de Medeiros. E ainda Zila Mamede (autora do primeiro livro traduzido à língua inglesa) e Sanderson Negreiros – prenunciador de uma nova geração surgida na década de 60, de características incomuns, a exemplo de Luís Carlos Guimarães e Nei Leandro.
Ainda em comentários peculiares para cada poeta destacado pelo pesquisador, as referências de Myriam Coeli e Dorian Gray Caldas. Até chegar aos poetas “submersos dos submersos”: Walflan de Queiroz e Miguel Cirilo, “o último outsider do Estado”, e ainda João Lins Caldas e José Bezerra Gomes. E deles, a vanguarda do Poema Processo. Também Diógenes da Cunha Lima (com um livro destacado como “marginal”) e ainda Carlos Gurgel, dos poetas influenciados pela geração marginal e ainda atuante.
Numa terra de mulheres pioneiras, as poetas não poderiam faltar: Marize Castro e Diva Cunha, com livro pequeno chamado Canto de Página (1986). Para completar, Aluísio Barros e Paulo de Tarso Correia de Melo. Todos os quatro também atuantes e ainda submersos. “Esses poetas estão submersos por falta de distribuição, editoração. Todos merecem ser lidos. Se as pessoas que não estiverem dispostas a irem atrás do livro depois da Feira, é porque ela não cumpriu seu dever. Procurem essa poesia submersa porque ela está diante de nós”, concluiu.