A Secretaria Municipal de Educação de Natal, por meio do Setor de Educação Especial, promoveu uma formação voltada para o Atendimento Educacional Especializado (AEE), com o tema “Deficiência Visual: desafios e possibilidades”. A atividade foi conduzida pela professora e assessora pedagógica Francisca Iara Souza e pela professora da educação especial Luzia Fernandes Mirnea. O encontro ocorreu na última sexta-feira (31), no Centro Municipal de Referência em Educação Aluízio Alves (Cemure).
A programação incluiu discussões sobre audiodescrição, conceitos de cegueira, baixa visão e visão monocular, além de uma breve história de Louis Braille e do sistema de escrita Braille. Também foram apresentados recursos pedagógicos voltados a estudantes com deficiência visual, inovações em tecnologia assistiva e práticas de orientação e mobilidade no ambiente escolar.
A abertura contou com uma atividade sensorial em que os participantes assistiram a um vídeo com audiodescrição de olhos fechados, para vivenciar como pessoas com deficiência visual utilizam a escuta atenta na compreensão de contextos e descrições em sala de aula.
A chefe do Setor de Educação Especial da SME, Priscilla Ferreira Ramos Dantas, destacou que esta foi a oitava e última formação de um ciclo destinado aos professores novatos do AEE na rede municipal. “Essa temática é fundamental para pensarmos estratégias que minimizem barreiras na comunicação e promovam o aprendizado dos estudantes com deficiência visual. Atualmente, temos 59 estudantes com deficiência visual matriculados em turmas regulares e atendidos nas Salas de Recursos Multifuncionais, espaços com grande potencial de desenvolvimento. É essencial que os professores reflitam sobre as práticas pedagógicas, de modo a garantir que o currículo seja acessível a todos, respeitando as especificidades de cada aluno”, afirmou.
Priscilla Dantas também ressaltou a importância da participação de duas formadoras da própria rede: a assessora pedagógica Francisca Iara Souza e a professora Luzia Fernandes Mirnea, do AEE da Escola Municipal Prof. Zuza. Luzia Fernandes Mirnea, que possui cegueira e formação em Educação Especial, compartilhou sua experiência pessoal e profissional, contribuindo para uma reflexão autêntica sobre os desafios e potencialidades das pessoas com deficiência visual.
Durante a formação, a professora Luzia Fernandes Mirnea destacou que o recurso desempenha papel essencial na acessibilidade comunicacional. “A audiodescrição amplia o entendimento e o acesso à informação, especialmente em contextos em que a cena visual é determinante para a compreensão do conteúdo. É uma ferramenta que reconcilia acessibilidade e comunicação, permitindo que as pessoas com deficiência visual ampliem seu conhecimento por meio da informação sonora”, explicou.
A assessora pedagógica Francisca Iara Souza apresentou definições sobre os diferentes tipos de deficiência visual. Segundo ela, a deficiência visual se divide em cegueira, baixa visão e visão monocular. “A baixa visão é um espectro que varia conforme a patologia, permitindo algum grau de percepção luminosa. Já a cegueira é uma perda severa, parcial ou total, das funções elementares da visão, afetando a percepção de tamanho, distância, forma e movimento. A visão monocular, por sua vez, ocorre quando há perda igual ou superior a 80% da visão em um dos olhos, mantendo-se visão normal no outro”, esclareceu.
O encontro foi encerrado com uma atividade prática de mobilidade, em que os professores experimentaram técnicas que auxiliam o deslocamento e o aprendizado de estudantes com deficiência visual, vivenciando na prática formas de tornar o processo educativo mais inclusivo e acessível.

