Entusiasta da cultura local, a professora da Rede Municipal Ensino de Natal Maria das Dores da Silva, se encantou pelo mundo das histórias ainda criança, ouvindo as vivências do pai. Hoje, a professora e escritora Dorinha Timóteo – como gosta de ser chamada – se prepara para embarcar rumo a Europa, onde lançará seu livro “Almanaque da Fauna Brasileira” e apresentará sua arte de contar histórias, levando na bagagem raízes e tradições do povo brasileiro e potiguar.
Dorinha é especialista em Leitura e Literatura com mestrado em Educação e leciona na Rede Municipal há 18 anos, sendo 17 dedicados à Educação de Jovens e Adultos da Escola Municipal Irmã Arcângela. Hoje a docente trabalha com alunos de 1º, 2º e 3º ano na Escola Municipal Jornalista Erivan França, abordando com eles, sobretudo, cultura de raiz e a consciência para preservação do meio ambiente por meio de leitura e produção de textos.
Após representar a região Nordeste do país à convite do Ministério da Educação (MEC) e do Fundo Nacional para o Desenvolvimento da Educação (FNDE) na Bienal Internacional do Rio de Janeiro, em setembro do ano passado, a professora foi convidada para o prêmio Melhores Contistas 2017. No evento, organizado pela Associação Internacional de Escritores e Artistas (Literarte), Dorinha apresentou um cordel e foi vencedora da premiação.
Foi a partir dessa conquista que Dorinha foi chamada para participar do Almanaque da Fauna Brasileira e da turnê cultural pela Europa, que se inicia em 14 de maio. “Eu enviei meu texto, “Jumento, um animal singular’, e fui selecionada, fazendo parte desse livro que conta com trabalhos de mais 16 escritores de todo o Brasil”, afirmou. O livro, bilíngue, será lançado em Londres (Inglaterra), numa escola onde se estuda a Língua Portuguesa, e em Viana do Castelo (Portugal).
Em Portugal, a autora também se apresentará durante o 4º Encontro Internacional de Culturas Lusófonas. O roteiro inclui ainda Espanha, Escócia e Irlanda. “Para mim, essa viagem é de grande importância porque a gente vai divulgar as cores do nosso lugar, o sotaque, o cheiro... vai tudo conosco. Está sendo um sonho. Surgiu essa oportunidade e eu já foi dizendo ‘sim’, porque é um chamado e tenho a minha arte de contar histórias como uma missão”, contou.
A professora afirma que ama contação de histórias por influência do pai: “Sou filha de um contador de histórias, aprendi essa arte com o meu pai – para mim, o maior contador de histórias da minha vida, o maior mestre, que só tinha até a 4ª série. Ele era maquinista de trem, e por onde passava, ouvia histórias, e quando voltava, contava. Eu ficava calada, só ouvindo”.
Sobre as mensagens que gosta de passar por meio do trabalho que realiza, a professora não exita: “Digo sempre que a gente tem que valorizar a nossa história de vida – nosso chão, o lugar em que a gente pisa, nossas raízes, nossa família. A minha vivência é que vai fazer de mim uma pessoa diferente. Então que cada um faça da sua vida uma arte”.